Matéria Globo Rural

O holandês Arjan Kouwenhoven e a russa Tatjana Kouwenhoven escolheram o Brasil para cultivar tomate de forma sustentável com uma tecnologia holandesa de ponta a ponta.

O sistema utiliza estufa de vidro, uma estrutura muito comum na produção de flores, frutas, legumes e verduras na Holanda e que tem como uma de suas vantagens a proteção contra o frio extremo.

O casal trabalhou cerca de 30 anos com agricultura e tecnologia em terras holandesas. Eles tinham uma empresa que desenvolvia equipamentos justamente para as estufas de vidro.

Mas, em 2015, venderam tudo para investir em solo brasileiro. Mais especificamente no município de Andradas, em Minas Gerais.

Na estufa do casal estão sendo cultivados quase dois hectares de tomates, apoiados em cabos presos ao teto.

A fruta é produzida dentro de substratos de lã de rocha, que é reciclável e resistente a pragas, e o modelo tem um sistema de economia de água.

Estufa de vidro
Por que a estufa é de vidro e não de plástico? Segundo Arjan, o vidro é mais sustentável e mais barato, o que ajuda no rendimento do produtor. O material também é porta de entrada para que o trabalho na estufa ocorra com eficiência.

A luz do sol passa pelo vidro e se espalha pelos tomates, sem deixar sombra, o que gera um melhor desenvolvimento da planta em todas as suas fases.
O engenheiro agrônomo da propriedade Kassius da Rosa explica que a planta precisa de três alimentos básicos: CO2, que é o gás carbônico, água e luz.

“Quanto mais luz entrar, teoricamente, mais produção a gente consegue. A luz é o que nos traz o alimento da planta. Ela vai deixar este alimento no tomate, vai traduzir essa radiação através da fotossíntese em açúcar e carboidratos”, diz Rosa.

Uso da água e CO2
Já a água que “mata a sede” dos tomates vem da chuva. Dentro de tanques, ela é misturada com nutrientes e chega para as frutas através de gotejadores.

Na propriedade, existe todo um sistema de economia de água. São usados 12 litros de água a cada quilo de tomate produzido. No cultivo convencional, gasta-se mais: 60 litros.
A água que as plantas não “bebem” passa por calhas e volta para o sistema, onde é filtrada, desinfectada e usada de novo para as plantas.

A estufa também tem um sistema que injeta CO2 no ambiente, o que é ótimo para o desenvolvimento das plantas. O gás é produzido em uma caldeira e distribuído entre os tomates por meio de mangueiras de plástico.

Controle rigoroso
Para todo esse processo ocorrer bem, é preciso que haja um controle muito rigoroso na estufa.

Roupas de proteção, por exemplo, são necessárias para entrar no local para evitar o ingresso de alguma doença.

O tomate é cultivado ainda dentro de substratos de lã de rocha, que é reciclável e bastante resistente a pragas e doenças. A fruta também não tem contato com o solo e cresce apoiada em cabos presos ao teto.
Graças ao controle rigoroso dentro da estufa, é possível cultivar duas vezes mais tomates do que no campo aberto.

Custos
Os tomates vão para supermercados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso e Rio Grande do Sul.

E o quilo pode ser até 20% mais caro do que o dos convencionais, o que se justifica pelo alto investimento e cuidado em cada etapa do desenvolvimento.
O casal produtor prefere não detalhar o quanto já investiu na produção, mas afirma que já foram “alguns milhões”.

Arjan e Tatiana contam que ainda não tiveram um retorno. Eles dividiram o projeto em três fases e afirmam que o lucro deve vir na fase 3.

Até 2025, eles pretendem ampliar a área de cobertura e querem continuar no Brasil. “Nossa casa é aqui”, dizem.

 

Fonte:
https://g1.globo.com/economia/agronegocios/globo-rural/noticia/2021/11/21/tomate-sustentavel-e-cultivado-em-estufas-de-vidro-em-mg.ghtml

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